quarta-feira, 11 de junho de 2014

Resenha Crítica - Livro: Confiança Cega

MANNING, Brennan. Confiança Cega. 1. ed. São Paulo: Mundo Cristão, 2009.

Este livro do teólogo Brennan Manning fala de dignidade aos que se consideram esquecidos por Deus ou prejudicados pela instituição chamada igreja. Fala da satisfação que Deus tem quando temos confiança nEle e deixamos de lado a busca desenfreada pelos “padrões” de santificação que não são possíveis de alcançar pelos homens.

O autor sugere que ter essa confiança é quase um ato heróico, visto que é muito complicado viver com tanta decepção e desafio do dia-a-dia. Essa confiança é a resposta para o coração.
Ter confiança é acreditar que a pessoa é pode fazer algo para nós. Quando confiamos em Deus, estamos testificando a morte de Jesus. Estamos dando o sinal de que a morte do Seu filho não foi em vão. A confiança plena significa dizer que não há nada que nos permita pensar diferente disso.
Como diz: “(...) a confiança é nossa dádiva que devolvemos a Deus, e ele a considera tão maravilhosa que Jesus morreu por amor a ela”.

Manning nos fala de uma confiança que não pode de maneira alguma se basear na pena de si mesmo mediante ao estresse eventual. Isso não é importante. Fala duramente contra ao egocentrismo, contra o trabalho por causa própria, contra o “auto-louvor”, contra a auto-suficiência, justiça própria e o que o valha.
O mestre Jesus nos ensina a nele e em Deus. Ele mesmo confiava em Deus, e provou isso ao dizer que lhe entregava a sua vida.
 
Não foi fácil para os que decidiram confiar em Deus, mas ao fim de suas histórias ficou provado que valeu a pena.
Sabemos que com a vida que temos e na sociedade e contexto que vivemos, se torna muito difícil dizer que confiamos. As situações e decepções nos levam a pensar de maneira contrária. É mais difícil ainda conseguir convencer a uma mãe que perdeu um filho a confiar em Deus, afinal quem levou o seu filho, senão o próprio Deus, dentro do entendimento comum.

Difícil entender Deus amando uma pessoa com tantas falhas e pecados. A graça é realmente ressaltada nessa hora. Ele nos aproxima dele quando estamos nos afastando por nossas fraquezas. Essa confiança nEle é prova de que somos gratos pelo que Ele nos fez por graça.

O autor afirma que a confiança em Deus não está presa ou pode ser relacionada somente com momentos bons. Sejam nos mals momentos ou em bons momentos, essa confiança tem que ser a certeza que Deus está conosco.

O livro nos leva à uma reflexão sobre o quanto confiamos e cremos em Deus, testificando através do testemunho de outras pessoas que apesar das situações do dia-a-dia, ainda assim, preferem ter essa confiança.

Recomendo o livro, que é de fácil leitura e compreensão, pois trata de uma teologia prática. De ação para a vida nesta terra, aplicando a confiança em Deus para o bem viver, exaltando a comunhão direta com Deus, gratidão e reconhecimento do amor divino.

O livro poderia ter o título de “Confiança Certa” ou “Confiança Plena”, por entender a crítica feita à auto-confiança, e também à uma confiança mesmo que direcionada a Deus, mas não simplesmente pelo retorno próprio ou pela satisfação instantânea.

A linguagem carregada de experiência pessoa, somada ao grande conhecimento teológico, com a mescla de uma vasta leitura, comprovada pela bibliografia aborda o assunto de um ângulo interessante e confrontador com o que temos de literatura em nosso tempo.

Trabalho apresentado à disciplina
PROFETAS MAIORES E MENORES
do curso livre de Teologia do CEFORTE.

Rio de Janeiro
2014

terça-feira, 3 de junho de 2014

Resenha Crítica - Livro: Por que amamos a igreja (Capítulo I)

DEYOUNG e KLUCK, Kevin e Ted. Por que amamos a igreja. Capítulo 1. 1 ed. São Paulo: Mundo  Cristão, 2010.


CAPÍTULO 1

O Aspecto Missiológico

Jesus entre os “Chicken Littles”

Neste capítulo, Kevin DeYoung, contrapõe de várias formas o pensamento de que a igreja está falhando ou já falhou com sua missão.
Começa analisando números e pesquisas feitas ao longo dos anos sobre a frequência dos crentes norte-americanos às igrejas em reuniões regulares. Contesta alguns autores e pensadores que insistem em dizer que a Igreja Americana está fadada ao fim; que a Igreja Americana está em crise; que a Igreja Americana está nas últimas. Logo, precisa rever seus conceitos e métodos, contextualizando-se para não morrer. Pensando que esta igreja está findando, culpam o desvio da missão dada por Deus.
Um dos fatores que dão força à voz dos que pensam assim, se baseia no esvaziamento das igrejas em termos numéricos. O autor acha irônico pensar que a igreja está morrendo, enquanto a mídia teme uma iminente teocracia cristã.

O autor faz uma análise das pesquisas sob outra ótica, e não é tão pessimista quanto os outros analistas, visto que os números diminuem em alguns pontos, porém permanecem em outros, e também estão relacionados ao número da população. Desta forma, se a população cresceu, e o percentual de frequência continua o mesmo após 10 anos, significa dizer que o número de cristãos relativamente cresceu também.
Ele analisa que mesmo o número sendo desproporcional ao crescimento populacional do país, não se pode dizer que a igreja tem sucesso ou fracasso analisando o aumento ou diminuição de seu rol de membros.
Ainda, no início do capítulo, apresenta um contraponto partindo das igrejas que se orgulham no fato de serem pequenas, com o discurso de que pregam a verdade de forma puritana. Pensa que essas igrejas tem razão em vários pontos, e até as admira, mas de certa forma podem estar impedindo que as pessoas se sintam bem nas igrejas.
Kevin propõe uma série de questionamentos aos que afirmam que algo está errado no formato das igrejas, e que insistem em dizer que o “jeito de ser” da igreja precisa mudar.
1. Acreditamos no evangelho? Pensa que talvez nossas igrejas estão sendo pastoreadas por homens que vivem o evangelho genuíno, apresentando um Cristo não vivenciado.
2. Confiamos no poder do evangelho? Realmente cremos que Deus vai edificar sua igreja por meio de sua Palavra ou confiamos em truques e artimanhas?
3. Estamos proclamando o evangelho? As vezes parece que estamos esperando as pessoas entrarem em nossas igrejas e esquecemos de proclamar o evangelhos fora das 4 paredes.
4. Estamos proclamando o evangelho correto? A contextualização da mensagem pode ter modificado o sentido verdadeiro da Palavra, trazendo frieza na mensagem e nas experiências.
5. Estamos embelezando o evangelho com boas obras? Nossas obras não são o evangelho propriamente dito, mas ajudam a embelezar a mensagem.
6. Estamos orando pela obra do evangelho? Precisamos orar mais pela obra, trabalhadores, e pelos ouvintes, afim de que o sobrenatural aconteça.
7. Estamos educando nossos filhos no evangelho? Precisamos nos preocupar com nossas famílias e com a consolidação cristã em nosso lar. Pois de nada adianta ganhar o mundo e perder os filhos.
Não obstante aos questionamentos que a igreja deve fazer sobre si mesma, o autor trás uma reflexão sobre a relação da igreja com o próprio Deus: “Estamos confiando na soberania de Deus no evangelho?”; mesmo que a resposta de todos os questionamentos anteriores sejam positivas, devemos entender que Deus é quem salva, e a nós, nos cabe fazer a nossa parte, tão somente. Devemos orar, planejar e trabalhar, mas quem salva é Deus.
Outro fator, e esse é o que ele dá maior importância ao tratar, neste capítulo, é “A missão de Deus”. Este é o fator apresentado com maior força pelos críticos para provar que a igreja está se findando: o não cumprimento da missão.
Pensando sobre este ponto ele faz questionamentos sobre qual é a missão da igreja, visto que hoje, pela maioria dos formadores de opiniões e autores pós-modernos é de que a missão da igreja deve se dar não somente na proclamação do evangelho (evangelismo), mas sim deve estar preocupado com a questão social que cerca a todos nós, como também as questões humanas, das quais cita: tráfico de seres humanos, AIDS, pobreza, nos sem-teto e no meio ambiente. Estes defendem que a missão da igreja é levar ao mundo o reino de Cristo de paz, justiça e bênção. Defendem que a igreja deve se preocupar com educação justa, abrigos, adoção, idosos, etc.
Kevin faz críticas aos que dizem que a missão da igreja é mudar o mundo, e defende que essa idéia não está clara nem nos ensinamentos do Cristo e do Apóstolo Paulo. Pondera que pregar contra o homossexualismo tão somente, ou tão somente cuidar dos aidéticos, reduz o reino a uma ação terrena, quanto que a mensagem do evangelho é para salvação eterna.
Desta forma, Kevin diz que a igreja até pode, e é louvável que tenha todo e qualquer tipo de movimento ou ação social que trate a questão humana diretamente, mas que essa não deve ser considerada a missão principal da Igreja de Cristo.
Também analisando outras pesquisas e constatações de que o vasto número de igrejas por quilômetro quadrado não faz diferença ou tenha relevância em algumas comunidades, Kevin refuta veementemente a idéia disso ser verdade. Pensa que pelo fato da haver criminalidade em um bairro, não tira a importância da polícia ou trás culpa sobre esta instituição como um todo.
Na questão pessoal, diz que se a igreja é formada por cidadãos, e estes estão de algum modo exercendo benefícios sobre a sua comunidade, a igreja está presente e de forma relevante.
O autor conclui que o que está errado não é a igreja, nem sua forma litúrgica, nem o crescimento ou não crescimento numérico. Mas, sim, “no cansaço de se ouvir sobre expiação, salvação, cruz e vida eterna”, e assim se cansaram da igreja. Que quando a mensagem do pecado x redenção, céu x inferno forem para um plano secundário, a igreja se torna cada vez mais uma opção para fazer diferença no mundo.
Comungo da mesma opinião do autor descrita neste capítulo primeiro. Penso que não podemos reduzir a mensagem do evangelho ao evangelho social. Sei de sua importância, até mesmo como citado por Kevin, para o embelezamento da mensagem, mas a missão principal da igreja é pregar a Cristo. Pregar a salvação da morte e do pecado através da morte e ressurreição de Cristo. Acredito que essa mensagem estiver sendo pregada, o resultado, que vem do próprio Deus, seja ele em números ou em transformação social, virá.

Trabalho apresentado à disciplina
Teologia Sistemática V
do curso livre de Teologia do CEFORTE.

Rio de Janeiro
2014