quinta-feira, 26 de dezembro de 2013

Apostila para MESA DIRETORA e SETORES

Vc que foi eleito Líder de Departamento ou Ministério, em 2014, ou vai ajudar, participando da mesa diretora ou à frente de algum setor (secretaria, tesouraria, cultivo espiritual, fraternidade, louvor, eventos, evangelismo)...
Baixe a apostila completa.


http://pt.calameo.com/read/00116001364b704c006d3

quarta-feira, 27 de novembro de 2013

Resenha - Livro: Chave para Análise de Textos Bíblicos (com exercícios de análise) .

JÚNIOR, João Luiz Correia. Chave para Análise de Textos Bíblicos. São Paulo: Paulinas, 2006. – (Coleção Bíblia na mão do povo)

O livro oferece uma ferramenta acadêmica para, assessorando o estudo dos textos bíblicos, atendendo à uma necessidade percebida pela autor ao longo de sua formação. Surgindo, segundo o próprio, com o interesse de auxiliar as pessoas que estão no processo.
O autor, de maneira simples, e com uma linguagem ecumênica, apresenta sua chave para análise de textos bíblicos em três enfoques. Estes são: 1) Enfoque literário; 2) Enfoque histórico; 3) Enfoque teológico-hermenêutico. Salientando que as etapas são complementares. Ao final de cada enfoque, o autor sugere exercícios práticos de análise, condisente com a linguagem simples que se propõe a escrever.
   
- Enfoque Literário
No enfoque literário, analisamos as narrativas bíblicas como literatura, praticando a exegese propriamente dita, com a intenção de perceber e extrair seu sentido.
O enfoque literário é dividido em três passos, que são: 1) A eisegese, que consiste na motivação de estudar determinado texto. Como por exemplo, os questionamentos sobre o cotidiano. 2) Pré-exegese, que consiste em aproximar-se ao máximo do texto original, que caso não seja possível, ao menos fazer uma leitura do maior número de traduções possíveis. 3) A exegese, que consiste em analisar o texto em sua essência.
O terceiro passo, a exegese, é o mais trabalhoso do enfoque literário. O estudioso precisa por ordem, separar a perícope, delimitar a parte interna da perícope, delimitar a parte externa, analisar paralelos, analisar os fenômenos literários, analisar o gênero literário e estilo.
   
- Enfoque Histórico
No enfoque histórico, analisamos as narrativas como produto histórico-social. Partindo do princípio que as narrativas tem uma enorme conexão com as sociedades onde foram escritas.
Para isso, devemos usar o método sociológico, que faz uma análise da sociedade, procurando dados sobre o povo onde surgiu o texto (época que o texto foi escrito, época do faço descrito, ponto de vista econômico, ponto de vista social, ponto de vista político e ponto de vista cultura, da ideologia e da religião).
Para essa captação de dados é importante que se façam algumas perguntas para balizar o estudo tão somente. Exemplos: “Como vive o povo?”, “Qual o papel da geografia?”, “Como são as relações por conta da organização da sociedade?”, “Como a divisão de classes aparece nas relações entre as pessoas?”, “Qual o peso do lado social na relação das pessoas?”, “Quem exerce o poder?”, “Como o poder é exercido?”, “Os costumes culturais se chocam?”, “Quais são os valores que sustentam ou ameaçam a sociedade?”, “Qual o papel do texto para motivar a sociedade?”, “Onde ficava essa comunidade?”, etc.
Depois de separar dados sobre os sete lados propostos, fazemos um resumo, afim de retratar o conjunto, analisando a influencia e o pesa de cada um desses itens em relação ao texto, e refletir sobre quais pontos tem valor ou não até hoje e até que ponto.
   
- Enfoque Teológico-hermenêutico
No enfoque teológico-hermenêutico, analisamos as narrativas como mensagem divina. Devemos entender que essa é a análise mais importante, pois compreende o texto como ele é de fato. A saber, uma literatura teológica. Ou seja, “a forma artística de escrever sobre os mistérios mais profundos da vida em continuidade com a fé e com a reflexão sobre Deus a partir de sua revelação”.
Nessa análise devemos fazer sempre a seguinte pergunta: “Qual a sua mensagem para a vida?”.
O autor propõe uma síntese temática e teológica, que consiste em perceber a idéia central do texto como um todo, a teologia do texto e que Deus aparece no texto, bem como sua atuação, e como a narrativa mostra a relação entre Deus, e a fé do povo para com Ele.
Por fim, a análise hermenêutica, que buscar responder qual o significado do texto para o seu tempo, a mensagem para a nossa realidade, e como o texto ajuda na percepção do Deus libertador do povo nos tempos de hoje.
   
O livro é muito prático e simples em sua análise, com exercícios que ajudam no estudo dos textos bíblicos. O autor foi muito feliz na breve sistematização desta matéria.
   
O que consigo perceber além dos fatores expostos, é de como é importante o estudo desta forma detalhada, buscando textos originais, etimologia das palavras, contexto histórico, afim de aplicar em uma mensagem contemporânea. O autor usa tão somente um episódio da trajetória do Mestre aqui na terra, e resulta em um livro com pouco mais de 100 páginas. Percebo que com uma análise simples, como a maioria se propõe a fazer por vários motivos, o texto “passa batido”, apenas como a demonstração de mais um milagre de Jesus, que talvez demonstre somente sua deidade. Não que isso seja o menos importante, mas o texto tem muito mais a oferecer em seu contexto e entrelinhas do que o que somente parece estar à nossa vista.
O milagre de Jesus, é inegável, e deve ser exaltado. Mas, até mesmo, o simples fato dos discípulos não terem se dado conta de estar com o próprio Deus encarnado, demonstrado nos fatos anteriores e posteriores, é um ensinamento para nós.

- Resenha sobre o livro: Chave para Análise de Textos Bíblicos. JUNIOR, João Luiz Correia. Editora Paulinas, 2006.
- Trabalho apresentado à disciplina Hermenêutica do curso livre de Teologia do CEFORTE.
RIO DE JANEIRO - 2013

quinta-feira, 10 de outubro de 2013

O Mestre Amor (Javier Ocampo)

Trabalho apresentado à disciplina de Heresiologia do Curso Livre de Teologia do CEFORTE (Polo Cascadura).
Por: Leandro Alencar Pedras Monteiro
Rio de Janeiro - 2013


Introdução
Na província de Catamarca, na Argentina, há uma comunidade chamada Meditazen, liderada por Javier Ocampo, mais conhecido como Mestre Amor. Seus seguidores abandonam tudo para seguir às cegas os controvertidos preceitos do seu líder.
Trata-se de um movimento contemporâneo e com poucos informações. Por exemplo, não é possível saber, pois o mesmo assim não o revela claramente, como surgiu o pensamento. Ele mesmo não relata quando teve, ou até mesmo se teve, algum tipo de “visão ou chamado.” O pouco que se tem de informação é do que o líder e os seus seguidores revelam em documentários, como o que embasou esta pesquisa e por relatos de supostas vítimas de abuso sexual, que não vivem mais na comunidade.


O Mestre Amor
Javier Ocampo, é o líder, fundador e mantenedor da comunidade conhecida como Meditazen (Terra do Meditador). Mestre em artes marciais, jovem, carismático, pouco estudo. Sua característica bem forte é a persuasão, friamente mascarada por seus atos de carinho, atenção e acolhimento que demonstra aos fiéis. Também reage bem às perseguições externas (assim entendidas por ele), dizendo fazer isso parte de seu ministério. Diz que a sociedade o persegue por não entender seus métodos de ensinamento e estilo de vida, onde prega que não temos necessidade de conforto e bem estar, ou até mesmo de parentes para nos sentirmos bem.
Segundo seus relatos, ele não se intitulou “Mestre Amor”. As pessoas passaram a chama-lo assim.
Para seus seguidores é visto como Deus. Pois todos somos deuses, e ele já tem uma compreensão maior disso.

Meditazen
Trata-se de um lugar (espécie de sítio), na Província de Catamarca, na Argentina.
O nome pode ser traduzido como: Lugar do Meditador.
Neste espaço estabelece-se um convívio de comunidade. As pessoas moram em quartos coletivos e tem o trabalho forçado. Com isso, geram economia e sustento próprio.
As pessoas que decidem viver com o Mestre Amor, largam sua vida na sociedade (emprego, família, estudo...), vendem o que tem, entregam à Javier Ocampo, e passam a depender do trabalho e da comunidade.
Neste lugar há uma divisão de 2 bairros. 1 para os que não tem muito dinheiro e optam em morar nos quartos coletivos e 1 bairro para os discípulos com maior poder executivo ou algum sustento externo. No bairro com áreas comuns vivem 90 pessoas em 25 quartos, onde o discípulo pode usar um quarto sozinho ou com alguém de idade próxima, e também há quartos para famílias inteiras. No o outro bairro, as casas são construídas com os recursos dos discípulos. As famílias tem um pouco de conforto com a privacidade e não precisam se sujeitar tanto ao trabalho.
Javier Ocampo tem 1 casa em cada bairro.

Sincretismo Religioso
Como toda seita, ou movimento controvertido contemporâneo, o Mestre Amor conta com um sincretismo religioso muito vasto. É mestre em artes marciais, de onde tira alguns ensinamentos orientais e filosofias. Usa técnicas de psicologia para subjugar seus discípulos. Usa elementos exotéricos, como: Incenso, velas, imagens. Usa a música e um formato de culto, além de estar construindo um templo. Faz uso da meditação e da auto ajuda, dizendo que o homem encontra respostas, força e liberdade em si mesmo.

O que prega
O Mestre Amor prega o crescimento espiritual. Para isso o ser humano tem que destruir o seu próprio ego. Fazendo isso, segundo ele, a pessoa torna-se “chefe” de si mesmo, senhor das próprias emoções, sentimentos e atos. Diz que temos que trabalhar nossa força interior e vencermos nossos medos.
Prega também que não devemos ter co-dependência. Devemos ser livres e não dependermos dos outros. Somente de nós mesmos. Diz que não podemos depender nem mesmo de pai, mãe ou amigos.

Seus métodos
- Esvaziamento e esgotamento:
Quando ele incentiva seus discípulos a esvaziarem-se de si, está esgotando o ser de cada um. Desta forma, a pessoa vai até o mais profundo poço. Então, o que lhe resta é a ajuda espiritual do Mestre Amor. Inconscientemente a pessoa somente o encontra pela frente.
- Isolamento e trabalho:
Vivendo da forma que ele propõe a vida em Meditazen, o indivíduo não tem muito, ou em alguns casos, nem tem contato com o mundo exterior. Sendo assim, ouvem o tempo todo a mesma pessoa que se entende como deus. Para que haja o sustento a contento, todos precisam trabalhar de sol-a-sol. Unindo isso a algumas atividades em grupo, como estudos e reuniões, os discípulos não tem tempo para refletir sobre outras coisas das quais talvez sentiria falta.
- Grupo Piramidal:
Nestes grupos, onde o “poder e sabedoria” emanam diretamente de um líder, ouve-se apenas uma voz. Dessa voz os discípulos recebem o que é bom e o que é mau sem distinguir.
- Substituição afetiva:
Em um dos casos dos entrevistados, temos o depoimento de uma mulher que ao conhecer Javier Ocampo, relatou a ele sua crise interna e seu vazio por não ter sido mãe. O Mestre Amor, prontamente a abraçou e disse: “Como não? Eu sou seu filho!” e a abraçou. Desta forma supre até mesmo a carência afetiva de um ente próximo, tendo ele existido ou não.
- Demonstração de amor (ação):
O Mestre Amor sempre está pedindo perdão aos seus discípulos pelo mau que ele os causa, pois, somente assim eles aprenderão. Então, mesmo que ele precise bater em alguém, no meio de um ensinamento de artes marciais, o discípulo não reclama, por entender que está aprendendo.
Também prega a cura com o amor, dizendo ser essa uma técnica mais antiga que a medicina. Baseando seu testemunho no discurso dos próprios discípulos, dentre os quais alguns médicos.
- Ignorar o conhecimento:
Prega a não necessidade de muito estudo para o crescimento espiritual. Diz, inclusive, que quanto maior conhecimento acadêmico, mais medos a pessoa tem. Salientando sempre que muitos de seus discípulos são doutores e letrados.
- Seminários:
A comunidade está sempre promovendo seminários sobre os ensinamentos do Mestre Amor, onde o próprio ministra as palestras e sessões de artes marciais. São os chamados seminários sobre Wing Chun. Uma derivação do Kung Fu, onde se prega disciplina e auto-conhecimento.
Os seminários tem o objetivo de manter a comunidade em número. A medida que 1 ou 2 discípulos deixam a comunidade, sempre tem alguém disposto a seguir, pois a doutrina é passada de uma forma agradável nesses períodos.
- Ensina por contos:
Seus discípulos o admiram pela linguagem simples, transmitida através de contos, como Jesus fazia. Desta forma, entendem bem o mestre que não usa discursos prontos, dando a ideia de deter a sabedoria divina e falar sempre do coração.

Prisão
Javier Ocampo, foi preso por 1 ano, acusado de abuso infantil agravado. O processo foi abrandado para abuso consentido por engano. O caso mais grave é de um menino de 11 anos, levado pela mãe para morar na comunidade. Segundo relatos do menino, agora maior, seu mestre o convidava para sessões de filmes pornos e abusava dele.
O Mestre Amor responde em liberdade a este processo e também é acusado por mais 5 jovens pelo mesmo crime.

Conclusão
Esta pequena seita, que parece inofensiva, até mesmo pelo nome que recebeu, nos alerta para um problema recorrente na atualidade. A busca pela felicidade e do preenchimento do vazio.
Devemos estar atentos aos métodos usados por Javier Ocampo, que facilmente detectamos em alguns movimentos, até mesmo com o nome de evangélicos, como: isolamento, centralização, substituição afetiva, incentivo ao não conhecimento e etc.
Vemos nessa seita uma característica muito comum ao século XXI, onde há uma super valorização do ser humano. E isso por vezes se dá pelo indivíduo buscar isso, mas, em outras vem da parte dos seguidores. Vemos no caso de Javier Ocampo, que as pessoas começaram a chama-lo de “Mestre Amor”. Consideramos isso um fato preocupante e recorrente em alguma parte do meio evangélico. A centralização e a super valorização da figura humana. As consequências disso são desastrosas, pois quando o ser humana reverenciado, por algum motivo, erra, ou torna público uma falha que estava em oculto, todos os seus seguidores ficam perdidos e sem direção, pois, basearam sua fé e se referenciavam na pessoa falível. Cristo tem que ser sempre o centro, e Sua Palavra a diretriz.
Quanto à seita em questão, também notamos uma falta de direção ou sentido. Em alguns momentos, Javier Ocampo fala de uma felicidade interior, que entendemos deve ser vivida na terra, já que em nenhum momento ele fala de vida pós morte. Logo, se ele não fala de vida pós morte, por que pregar uma negação a tudo, enclausurando seus discípulos? Ora! Como eles demonstrarão, ou praticarão a felicidade conquistada somente entre 90 pessoas? Que sentido ele dá às coisas? Pra que essa preparação para a morte, aceitando-a de melhor forma, se tudo acaba aqui? Outra coisa que não fica clara, é a quem se presta adoração ou a quem se faz as orações, já que ele diz que o homem deve ser chefe de si. Também é confuso na questão da divindade, quando diz que cada homem é um deus, mas, por vezes em seus discursos e ensinamentos se nomeia como o próprio deus.
A despeito de tudo isso, sua maior heresia é não reconhecer a Cristo como o salvador dos homens e libertador dos pecados.

Fontes
- Mundo Extremos (Episódio 3) - O Mestre Amor, National Geographic
- Site: www.maestroamor.com.ar

terça-feira, 9 de julho de 2013

O voo das babás

   As vezes tenho dúvidas se o problema está no cargo político, na pessoa que o ocupa, ou se está além disso. Além, talvez, do que as redes de TV e outras mídias nos mostram diariamente.
   Agora, o "saco de pancadas" da vez, é o Governador do Rio de Janeiro, que, utiliza-se de aeronaves do patrimônio estadual para translado de sua casa ao trabalho e do trabalho para sua casa de praia em Mangaratiba. Utiliza, segundo suas próprias declarações, legalmente, e como bônus do cargo.
   Mas, se fizermos uma breve pesquisa, perguntando a alguns membros da família, da faculdade, dos amigos, da igreja, da vizinhança, do trabalho... fazendo a seguinte pergunta: "Vc usaria o helicóptero, se ele assim o estivesse disponível?"
   Nos surpreenderíamos, com certeza, do número de respostas positivas.
   Vivemos ao máximo a cultura do se dar bem, da facilitação, da remissão do tempo, e do egocentrismo. E as vezes é fácil cobrar que alguém exposto, e que tenha a obrigação de pensar no bem comum.
   Precisamos realmente analisar se a mudança e indignações realmente precisam ser praticadas somente nas ruas, cobrando autoridades e co-autoridades, ou se essa indignação tem que ser mais intimista.
   Abraço.

terça-feira, 2 de julho de 2013

Juventude Wesleyana - 6ª Região (breve Histórico)

   Eu, Leandro Pedras, assisti de perto todo o processo de organização da Sexta Região. Participei ativamente como Delegado Geral, com voto favorável à divisão da Primeira Região. Mas, no que diz respeito à Juventude Wesleyana da Sexta Região (JUWES6), participei ainda mais de perto e muito ativamente. Lembro-me de algumas reuniões e telefonemas com o Pastor Luis Carlos, onde indiquei alguns nomes para Diretor Regional. Eu também estava presente, no Concílio Inaugural de nossa região, onde o Bispo Roberto Amaral anunciou o nome do Wellington Junior para a direção da JUWES6. Fui o primeiro a noticiar tanto diretamente para o novo diretor, quanto na internet. De lá pra cá, acreditando na visão “Tempo de Crescer”, no projeto episcopal e na força e ousadia do jovem diretor, mergulhei nesse projeto.
   Alguns, sabe-se lá por qual motivo, poderão dizer: “Não vejo nada demais na JUWES6.” Ou até mesmo: “Não sei porque alguns jovens falam de regional com tanto amor!”
   Então, como um expectador tão ativo que me propus a ser, com conhecimento de causa, como participante de todas as reuniões realizadas até hoje, bem como todos os eventos, me ponho a explicar um pouco do porque desse amor.
   Quando paro para lembrar sobre o curto período que se passou, da organização da Juventude Wesleyana da Sexta Região, até hoje, vejo que o período é recente e curto, porém muito intenso e frutífero. Lembro-me de um fato, essa lembrança puxa outro fato, aí lembra uma realização, que lembra um desafio vencido, que lembra alguma “loucura”, aí lembra um aprendizado, e lembra um fato engraçado... uma coisa vai puxando a outra e a memória trabalhando, formando um sorriso. Sorriso que as vezes é interrompido por uma tremida de queixo, impulsionado por uma emoção. Emoção humana, sim. O corpo reage a emoções por lembrar de momentos tão espirituais, que as vezes ganham até uma roupagem técnica, roupagem de programação, roupagem de evento, mas, que impactaram o mundo espiritual de várias formas. Afinal, quantas vidas foram salvas? Quantas famílias foram abençoadas? Quantas vezes o Evangelho de Cristo foi pregado? Quantas  vezes a fé foi fundamentada e solidificada? Quantas vezes a comunhão foi vivida? Quantas curas? Quantos batismos com o Espírito Santo? Quanto conserto? Quantas vitórias? Talvez você não saiba precisar os números e por em um relatório. Talvez, nem eu mesmo, que vivi de perto, o consiga. Mas, o resultado do trabalho proposto e executado, prova que a obra foi direta e exclusivamente espiritual. Aleluia!
   Quando formou-se uma nova região, novos desafios vieram. Nossos líderes foram categóricos, dizendo: "Queremos e precisamos que voês deem à Sexta Região, uma `cara`!" Então, estava nascendo uma nova juventude.Filha de uma região forte, expressiva, com um histórico invejável, que já tinha seu espaço conquistado e solidificado na denominação. O desafio então, não era simplesmente dar continuidade, mas dar uma identidade, assim como um filho tem. O filho tem características dos pais, traços dos pais, trejeitos dos pais. Porém, com personalidade própria, com projetos próprios, com características próprias, com destino próprio.
   Outro desafio era amadurecer em tão pouco tempo, atendendo às expectativas, tanto da liderança, quanto dos milhares de jovens. Uns desconfiados, outros duvidosos, outros descontentes, outros alienados, outros surpresos, outros empolgados com essa nova caminhada imposta.
O projeto não podia ficar parado, esperando o mundo girar e as coisas se acertarem naturalmente. Então, cheios de fé, ousadia, voluntarismo, força e determinação, uma diretoria se formou. Essa diretoria então, já em 2010, começou a trabalhar.
   Algumas alegres e exaustivas reuniões para decidir tudo novo. Em tão pouco tempo e sem recursos, precisávamos organizar um evento que não tinha nome, data, local, preletor, programação, conta para depósito... e, aos poucos tudo foi tomando forma em nossas cabeças. Tínhamos a exata noção da responsabilidade que vinha junto com a realização do evento. A JUWES6 precisava sentir confiança, e saber que tudo andaria normalmente, apesar das dificuldades.
   Depois de horas, o primeiro projeto foi gerado como um filho.

Fórum de Liderança Jovem - 2011
   Já no início de 2011, foi realizado nosso Primeiro Fórum de Liderança Jovem. A ideia era servir aos jovens da mesma forma que o SPJL servia. Ministrando conhecimento, através de palestras, pregações, músicas, estudos, e assim preparando nossos líderes locais e distritais para o exercício de liderança com a devida capacitação e motivação.
   A característica mais marcante nesse evento, foi a fé dessa diretoria, bem como dos supervisores distritais. No início daquele ano, por ocasião das chuvas, o município de Teresópolis sofreu com a maior tragédia natural já vivida no Brasil. Nosso evento estava marcado, para fevereiro, justamente no município de Teresópolis, o que mais sofreu. O local, nada sofrera com a tragédia, mas como se tratava de um lugar distante, as notícias que vinham pela TV eram as que ficavam valendo para a avaliação popular. Um evento preparado para 300 jovens, em uma cidade sitiada pela tragédia, e com tanta informação na TV sobre o fato, levou a inscrição antecipada de apenas 7 (sete) jovens. Ou seja, fomos pra lá com a eminência de um prejuízo incalculável. Mas, a fidelidade do Senhor, que viu nosso trabalho, foi grande. No dia do evento, exatamente no dia, 290 jovens fizeram suas inscrições. Aleluia!
   Com a certeza de que o Soberano Deus estava aprovando aquele projeto, fizemos o evento. Com inexperiência, sim, mas com amor e zelo pelas coisas divinas ministradas na Terra.
   Deus, para tornar ainda mais precioso e especial esse evento, converteu uma pessoa que visitava o evento. Dalí, uma das características mais fortes da JUWES6 nascia. Uma juventude que ganha almas para o reino. Aleluia!
Nosso bispo ficou super feliz com a realização e com o poder de mobilização da juventude, que já no primeiro evento, acreditou que tudo daria certo. Além do bispo, todos os quase 300 participantes ficaram surpresos com o lançamento do próximo desafio, o “Rocinha no Coração de Deus”.

Rocinha no Coração de Deus - 2011
   O desafio agora passara para um nível mais alto. Talvez, até hoje, nem o então diretor Wellington Junior, nem eu que já trabalhara com a juventude desde 1997, nem ninguém, tenhamos a exata noção do que esse projeto representa para nossa juventude, e por que não dizer de nossa denominação.
   Alguns chegaram a nos chamar de “loucos”. E com razão. O desafio era muito maior do que a nossa igreja, maior que nossas possibilidades, maior que nossa compreensão, porém, NUNCA, repito, NUNCA maior do que nosso Deus. Hoje, fazendo esse breve histórico, ainda sinto o peso dessa responsabilidade e preciso parar, respirar, enxugar as lágrimas e orar em gratidão a Deus pela oportunidade de participar desse projeto. Aleluia!



   Voltando às letras...

   Sair das quatro paredes, viver o avivamento que tanto buscamos nos anos anteriores, justamente no dia em que poderíamos estar festejando mais um ano da Juventude Wesleyana, com uma tradicional festa. E, ao invés disso, “invadir” com quase 800 jovens a maior comunidade carente da América Latina. Uma “pequena cidade” dentro de uma metrópole como o Rio de Janeiro. Uma comunidade marcada pelo domínio do tráfico de drogas, onde o progresso não tinha entrada, o governo não tinha entrada, autoridade nenhuma se sobrepunha ao mau. Lembro-me que, mais uma vez, a TV mostrava que não deveríamos realizar um evento. Pois, nas semanas anteriores a polícia fizera uma operação e o clima estava tenso. Nada nos parou! Se fazia necessário, e hoje entendo um pouco isso, que nós, agentes de Deus, abríssemos o caminho. A ordem tinha que vir de cima, movida por uma ação terrena. A palavra “Jovens, eu vos escolhi porque sois fortes”, não fora somente pregada em nossos eventos. Ela precisava ser vivida. Que privilégio da JUWES6 cumprir essa missão.


Vídeo publicitário do evento:


   Subimos, caminhamos pelas ruas, oramos, abençoamos famílias, oramos por traficantes que deixavam suas armas no chão e agradeciam nossa ação, cantamos pelas ruas, pregamos de beco em beco, de viela em viela, aos quatro cantos daquele lugar, e proclamamos: “A ROCINHA ESTÁ NO CORAÇÃO DE DEUS”.


   Todos ali, que sofreram ataques de Satanás, que adoeceram, que perderam empregos, quer passaram lutas em suas casas, por causa da responsabilidade de pregar o evangelho naquele lugar visivelmente dominado pelas trevas. Todos ali, que sentiram as dores de parto, que sofreram na carne reações do mundo espiritual, foram recompensados com a maior festa no céu promovida pelo povo wesleyano em 2011. Sim, uma grande festa a JUWES6 promoveu no céu, quando 72 (setenta e duas) vidas confessaram Jesus Cristo como Salvador.
   Com esse evento, a característica mais forte da JUWES6, que é evangelizar estava consolidada, firmada, fundamentada e experimentada no nível máximo. Aleluia!
   Outra característica adquirida com esses dois primeiros projetos, foi a de intercessão. Para esses projetos, realizamos consagrações regionais, algumas reuniões de oração pela madrugada e a tenda de oração.

1ª Convenção Regional – 2011
   O diretor havia sido nomeado pelo Conselho Ministerial Regional para organizar a juventude como departamento, e oficializar assim o trabalho em uma Convenção Regional.
   Em agosto de 2011, aproximadamente 230 jovens se reuniram em Penedo para fazer o devido balanço desse início e eleger um novo diretor regional.
   Com o tema “QUERO +”, o Pr. Wellington Jenigs ministrou sobre o Espírito Santo e sua ação de dar “start” dentro de nós, afim de realizarmos as obras do Pai aqui na terra.
   Tudo era ainda muito novo, e pela inexperiência da diretoria atual, bem como do diretor interino, Thiago Neves, o evento sofreu com um prejuízo nas finanças. Eu, que presenciei tudo de perto, poderia amenizar os fatos, maquiar a verdade, ou até omiti-lo. Porém, essa parte da nossa recente história, nos trás tanto aprendizado quanto outras vitorias até então conquistadas. Esse fato trouxe uma maturidade, uma responsabilidade, um peso extra, mas também uma maior proximidade com nossa liderança, representada pelas secretarias regionais. Acendeu-se uma luz de alerta sobre a responsabilidade financeira, bem como o acompanhamento de nossos líderes.
   Em um lugar super agradável, em um bairro muito pitoresco, nossos jovens puderam se confraternizar, estreitar laços, passear, adorar a Deus e ouvir Sua Palavra.
   Toda parte administrativa foi muito bem executada pelo então Secretário Regional de Educação, o saudoso Pastor Luis Carlos do Nascimento Magalhães, e na tarde do segundo dia foi eleito por maioria relativa para o cargo de Diretor Regional, exercício bienal 2012/2013, o jovem Rodrigo Sousa.
   Outra característica da nossa juventude acabara de se mostrar. Com o primeiro evento com inscrição totalmente digital, aceitando a partir de então pagamentos por boleto, transferência, cartões de crédito e depósito bancário, através do nosso recém lançado site. A partir daí, nossos supervisores passaram a não mais ter a responsabilidade de captar os recursos vindo das inscrições. Além da divulgação tomar maior representatividade nas mídias digitais (e-mails, redes sociais, torpedos). Cabia à JUWES6 estar à vanguarda dessa digitalização em nossa igreja. Aleluia!

Simpósio de Liderança Jovem – 2012
   Em 2012, a nova diretoria, já sob o comando de Rodrigo Sousa, foi orientada a não fazer evento com taxa, no primeiro bimestre deste ano. Isso por ocasião da realização do Congresso Geral da JUWES, que tinha um investimento alto com passagem e hospedagem. Desta forma um poderia prejudicar o outro.
   Atendendo a essas orientações, a JUWES6 mostrou outra característica que nos acompanha até hoje: a submissão e respeito às lideranças diretas e indiretas, bem como às normatizações discutidas em reuniões, fossem elas em âmbito geral ou regional. Então, tínhamos o desafio de prestar o serviço de preparar líderes novos para 2012, sem cobrar taxa.
   Realizamos então 3 simpósios, divididos geograficamente, afim de facilitar tanto o trabalho dos distritos, como o da diretoria regional. Então, aconteceram em 3 finais-de-semana consecutivos, sendo um na Baixada Fluminense, dois na Capital e outro no Sul-Fluminense do estado. Esse evento nos surpreendeu. A participação total foi de 613 jovens. Ou seja, atingimos bem mais do que esperávamos, ainda com um custo baixíssimo para cada participante, que somente investiu em refeição e uma apostila, e pouco investiu em deslocamento.
   Palestras práticas sobre setores foram ministradas por membros de nossa diretoria, estreitando a identificação com a liderança, dando referência simples com a mensagem de que o jovem pode!
   Surgia e ficava patente mais uma característica da JUWES6: a habilidade de dar solução prática e rápida diante de qualquer circunstância.
   Com esse evento, a atual diretoria também dava sinais fortes de que não estava preocupada com a realização de grandes encontros, grandes eventos, grandes retornos financeiros, mas, sim, com a ministração da Palavra e a capacitação dos nosso jovens para trabalhar no Reino de Deus, aqui na Terra.

Leandro Pedras
(Em breve postarei a continuação dessa história)

segunda-feira, 24 de junho de 2013

Cristo desceu ao inferno e pregou aos mortos?

COMUNICAÇÃO SOBRE:
Cristo desceu ao inferno e pregou aos mortos?
Baseado no pensamento de Wayne Grudem
Por José Roberto, Luciano Jesus, Luiz Aurélio e Leandro Pedras
CEFORTE – CASCADURA – 3º PERÍODO - 2013

Doutrinador:
   Wayne A. Grudem (1948) é um teólogo protestante, PhD pela Universidade de Cambridge, é titular do Departamento de Teologia Bíblica e Sistemática na Trinity Evangelical Divinity School, nos Estados Unidos, uma das mais bem reputadas escolas teológicas daquele país. Grudem publicou várias literaturas, dentre as quais, se destaca o Livro de Teologia sistemática, escrito com uma linguagem de fácil compreensão.

Introdução
Teria Cristo descido ao inferno? Argumenta-se às vezes que Cristo desceu ao inferno depois de morrer. A frase “desceu ao inferno” não aparece na Bíblia. Mas o Credo Apostólico, amplamente usado, diz: “foi crucificado, morto e sepultado; desceu ao inferno; e ao terceiro dia ressurgiu dos mortos”. Isso significa que Cristo suportou mais sofrimentos após sua morte na cruz? Como veremos abaixo, um exame dos indícios bíblicos indica que não. Mas antes de examinar os textos bíblicos relevantes, deve-se analisar a frase “desceu ao inferno” do Credo Apostólico.

- A origem da frase “desceu ao inferno”
Antecedentes obscuros encontram-se por trás de grande parte da história da frase em si. Suas origens, quando podem ser identificadas, estão bem longe de louváveis. O grande historiador eclesiástico Philip Schaff resumiu o desenvolvimento do Credo Apostólico num extenso diagrama, parte do qual reproduzimos nas p. 486-488.
Esse diagrama mostra que, diferentemente do Credo de Níceia e da definição de Calcedônia, o Credo Apostólico não foi escrito nem aprovado por algum concílio eclesiástico num tempo especifico. Antes, ele tomou forma de modo gradual desde cerca de 200 d.C. até 750 d.C.
É surpreendente descobrir que a frase “desceu ao inferno” não se encontrava em nenhuma das versões primitivas do credo (nas versões usadas em Roma, no resto da Itália e na África) até que ela apareceu em uma das duas versões de Rufino em 390 d.C. Depois não foi incluída de novo em nenhuma versão do Credo anterior a 650 d.C. Além disso, Rufino, a única pessoa a incluí-la antes de 650 d.C., não pensava que essa frase significasse que Cristo desceu ao inferno, mas que foi “sepultado”. Em outras palavras, ele entendia que a frase significava que Cristo “desceu a sepultura”. (A forma grega traz hades, que pode significar apenas “sepultura”, e não geena, “inferno, lugar de punição”.). Devemos também observar que a frase só aparece em uma das duas versões do credo que temos de Rufino, e não foi na forma romana do credo que ele preservou.
Isso quer dizer, portanto, que até 650 d.C. nenhuma versão do credo incluía essa frase com a intenção de dizer que Cristo “desceu ao inferno” – a única versão que incluía a frase antes de 650 d.C. dava-lhe um significado diferente. Nesse ponto, deve-se perguntar se o termo apostólico pode ser de alguma forma aplicado a essa frase, ou se ela tem realmente lugar legitimo num credo cujo título reivindica para si a origem dos mais antigos apóstolos de Cristo.
Essa pesquisa do desenvolvimento histórico da frase também levanta a possibilidade de que quando ela começou a ser usada com mais frequência, isso pode ter ocorrido em outras versões (agora perdidas) que não tinham a expressão “e sepultado”. Se isso for verdade, é provável que a frase significasse para outros exatamente o que ela significava para Rufino: “desceu à sepultura”. Mais tarde, porém, quando a frase foi incorporada em diferentes versões do credo que já tinham a frase “e sepultado”, alguma outra interpretação tinha de ser dada a ela. Essa inserção equivocada da frase depois das palavras “e sepultado” aparentemente feita por alguém por volta de 650 d.C. – levou a toda sorte de tentativas para explicar “desceu ao inferno” de algum modo que não contrariasse o restante das Escrituras.

- Isso significa que Cristo “desceu” ao inferno?
À primeira vista não fica claro o que significa “às regiões inferiores da terra”, mas outra tradução parece dar o melhor sentido: “Que quer dizer ‘ele subiu’, senão que também desceu às regiões terrenas inferiores?” (NIV). Aqui a NIV entende que “desceu” refere-se à vinda de Cristo à terra como criança (a encarnação). As últimas quatro palavras são uma interpretação aceitável do texto grego, tornando a frase “regiões inferiores da terra” como “regiões inferiores que são a terra” (a forma gramatical no grego seria chamada genitivo de aposição). Fazemos o mesmo, por exemplo com a frase “a cidade de Chicago”, uma vez que queremos dizer “a cidade que é Chicago”.
A interpretação da NIV é preferível nesse contexto porque Paulo está dizendo que o Cristo que subiu ao céu (na ascensão) é o mesmo que antes desceu do céu. Aquela “descida” do céu ocorreu, é claro, quando Cristo nasceu como homem. Assim, o versículo fala da encarnação, não de descer ao inferno.
(d) 1 Pedro 3.18-20. Para muitos, essa é a passagem mais intrigante em todo o assunto. Pedro diz que Cristo foi “morto, sim, na carne, mas vivificado no espírito, no qual também foi e pregou aos espíritos em prisão, os quais, noutro tempo, foram desobedientes quando a longanimidade de Deus aguardava nos dias de Noé, enquanto se preparava a arca”.

- Isso falaria de Cristo pregando no inferno?
Alguns entendem que “foi e pregou aos espíritos em prisão” significa que Cristo foi ao inferno e pregou aos espíritos que ali estavam – ou proclamando o evangelho e oferente uma segunda oportunidade de arrependimento, ou só proclamando que havia triunfado sobre eles e que estavam eternamente condenados.
Mas essas interpretações não explicam de modo adequado nem a própria passagem nem sua colocação nesse contexto. Pedro não diz que Cristo pregou aos espíritos em geral, mas só aos que “noutro tempo foram desobedientes [...] enquanto se preparava a arca”. Tal público limitado – os que desobedeceram durante a construção da arca – seria um grupo estranho pelo qual Cristo teria descido ao inferno para pregar. Se Cristo proclamou seu triunfo, por que só a esses pecadores e não a todos? E se ele ofereceu uma segunda oportunidade de salvação, porque só a esses pecadores e a todos? Ainda mais difícil para essa concepção é o fato de as Escrituras em outras partes indicarem que não há oportunidade de arrependimento após a morte (Lc 16.26; Hb 10.26-27).
Além disso, o contexto de 1 Pedro 3 torna improvável uma “pregação no inferno”. Pedro está incentivando seu leitores a testemunhar com ousadia a incrédulos hostis à sua volta. Ele só lhes diz que devem estar “sempre preparados para responder a qualquer que lhes pedir a razão da esperança” que há neles ( 1 Pe 3.15, NVI). Esse tema evangelístico perderia sua urgência se Pedro estivesse ensinando uma segunda oportunidade de salvação após a morte. E não caberia em absoluto uma “pregação” de condenação.

- Isso falaria de Cristo pregando a anjos decaídos?
Para dar uma explicação melhor a essas dificuldades, alguns comentaristas propõem que se entenda “espíritos em prisão” como espíritos demoníacos, os espíritos dos anjos decaídos, dizendo que Cristo proclamou condenação a esses demônios. Isso (alegam) consolaria os leitores de Pedro, mostrando-lhes que as forças demoníacas que os oprimiam também seriam derrotadas por Cristo.
Entretanto, os leitores de Pedro teriam de se submeter a um processo de raciocínio incrivelmente complicado para chegar a essa conclusão, já que Pedro não ensina isso de modo explicito. Eles teriam de raciocinar a partir do seguinte: (1) alguns demônios que pecaram há muito tempo foram condenados; (2) outros demônios estão agora incitados nossos perseguidores humanos; (3) aqueles demônios também serão um dia igualmente condenados; (4) portanto, seus perseguidores serão por fim também julgados. Finalmente os leitores de Pedro chegariam à mensagem dele: (5) Por isso, não temam seus perseguidores.
Os que defendem essa idéia de “pregação aos anjos decaídos” precisam pressupor que os leitores de Pedro “leriam nas entrelinhas” para concluir tudo isso (pontos 2 a 5) a partir da simples declaração de que Cristo “pregou aos espíritos em prisão, os quais, noutro tempo, foram desobedientes” (1 Pe 3. 19-20). Mas não parece muito complexo dizer que Pedro sabia que seus leitores leriam tudo isso nas entrelinhas?
Alem disso, Pedro destaca pessoas hostis, não demônios, no contexto (1 Pe 3.14, 16). E ondo os leitores de Pedro encontrariam a idéia de que os anjos pecaram “enquanto se preparava a arca”? Não há nada disso na história de Genesis a respeito da construção da arca. E (apesar do que reclamam alguns), se examinarmos todas as tradições da interpretação judaica da história do diluvio, não encontramos menção de anjos pecando especificamente “enquanto se preparava a arca”. Assim, a ideia de que Pedro está falando de Cristo proclamando julgamento a anjos decaídos também não é de fato convincente.


Bibliografia: Teologia Sistemática Atua e Exaustiva – Wayne Grudem ed. Vida Nova.

* Apenas uma defesa sobre um pensamento. Porém outras linhas da teologia sistemática defendem que Cristo pregou aos mortos durante os 3 dias que antecederam sua ressurreição.

quinta-feira, 20 de junho de 2013

Manifestações populares contra a corrupção. "E OS CRISTÃOS?"

   As pessoas sempre me perguntam sobre minha opinião quanto às manifestações populares que temos visto em todo Brasil. Você concorda, Leandro? Pedras, fale alguma coisa? O "crente" pode protestar nas ruas? Você não acha que o povo pode ser "massa de manobra"?

- Analisando brevemente os discursos
   Analiso os dois discursos que nossa Presidente, a Sra. Dilma, fez. Primeiro ela refutou os protestos, dizendo serem uma ação de sua oposição, tentando desqualificá-los. Depois, percebendo que não era, falou bem, falou de democracia e legitimou as manifestações contra a corrupção, como se estivesse isenta disso, ou que não fosse com ela. Só para lembrar: a Copa foi aprovada, os orçamentos foram aprovados, os estádios foram construídos no seu governo e no de seu antecessor, colega partidário, e tudo está sendo finalizado em seu governo. Não creio que a oposição tenha feito 10% das obras da Copa, visto que tudo é gerenciado pelo governo.

- O povo por si só
   Vendo os protestos, podemos perceber uma "desorganização" nas manifestações, com horários, locais, movimentações, várias datas, discursos e falas. A mobilização é boa e até em grande número, mas as vezes vemos imagens de um grupo indo por uma rua, enquanto outro vai para uma praça, denotando uma saudável falta de liderança. Quanto aos resultados, só saberemos com o tempo. Não tenho condições e tempo para participar dos protestos. Não julgo quem vai, nem quem fica em casa. Cada um cuida dos seus interesses, sendo eles individuais ou coletivos. Porém, entendo que o povo, inclusive os cristãos deveriam se politizar mais. Alguns de nós, cristãos, somente sabemos o nome do Vice-presidente, por ser divulgado um dia que ele poderia ser membro de uma seita satanista.

- Cristão protesta?
   Historicamente, isso nos rendeu até um nome, "protestante", já dizemos "não" a tudo que mancha a vida da sociedade. E isso não foi sempre ligado somente no campo religioso. Aliás, nunca. O próprio Cristo foi crucificado por andar na contramão do seu tempo. Falou contra tudo que era uma deturpação da lei divina, contra o que era errado, e contra o que parecia certo, mas não era. Também falou contra a demagogia e hipocrisia, tanto dos governantes como dos governados. Além de mostrar que temos um papel como cidadãos, e que temos direitos e deveres como tais.  Pregou o amor, da maneira mais  pacífica já registrada e foi retaliado na mesma proporção contrária.
 
   Também temos o exemplo de Martinho Lutero, que pacificamente protestou, escrevendo suas teses contra o que estava corrompido pela Igreja e Estado. Por isso, viveu parte de sua vida fugindo dos que faziam a oposição.

   Outro, na Europa, que pregou o evangelho, mas também uma vida digna, justa, e incorruptível, já aqui na terra, e não somente na eternidade foi John Wesley. Ele liderou um grupo, apelidado de Metodistas, por pregarem uma vida correta enquanto cidadãos terrenos. Desta forma, influenciou uma geração e marcou uma mudança histórica na Inglaterra, gerando frutos em toda Europa e fora dela.

   Nós, cristãos, já protestamos quando testemunhamos com nossas vidas, refletindo a vida de Cristo. Já protestamos quando dizemos não à corrupção, ao troco a mais, não aceitando trapaça e com nossos eventos e mega-eventos sem registro policial algum. 

- Cortando a própria carne
"Mas, existem vários crentes que são corruptos!"
Vemos uma afirmação verdadeira. Infelizmente! Mas analisando ainda os protestos, observamos que em sua maioria, mesmo sem a devida precisão, o povo quer fazer pacificamente seus manifestos. E, mesmo assim, um pequeno grupo, insiste em vandalizar, radicalizar, barbarizar. Por várias vezes, ouvimos nas entrevistas, que o movimento é pacífico, e que somente "uma meia duzia" quer o quebra-quebra. Em todos os seguimentos temos pessoas que usam os discursos do grupo em que se encontram inseridas, usam as ideologias, os movimentos, a máquina, a institucionalidade... porém não estão comprometidas com a honestidade, sobriedade, nobreza ou coisa que o valha, que este grupo prega ou representa.
Obviamente, quando falo do protesto cristão, que acompanha toda a história, falo da maioria esmagadora que tem o discurso condizente com os atos.

- Afinal, participo ou não?
Devemos participar como cidadãos terrenos, segundo nossa própria consciência, sim. Mas, sempre devemos nos posicionar, como cidadãos celestiais, orando, falando do evangelho genuíno de Cristo e dizendo "não" ao pecado. Testemunhando com nossos discursos e atos. Na verdade, já puxamos a fila há muito tempo.
Abraço e paz de Cristo.



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Imagem: Internet
Correção: Cecília Maria Santos

segunda-feira, 17 de junho de 2013

A Igreja Apostólica – Igreja entre os Gentios


COMUNICAÇÃO SOBRE:
A Igreja Apostólica – Igreja entre os Gentios
(do Concílio de Jerusalém ao martírio de Paulo – 48-68 d.C)

Livro: História da Igreja Cristã
Editora: Vida (2007)
Capítulo abordado: 4
Autor: Jesse Lyman Hurlbut
Sobre o autor: (1843-1930) foi diretor do Instituto Bíblico de Newark, EUA, e um dos fundadores da League Epwoth, tida como o primeiro ministério de jovens da história da Igreja. Autor de mais de trinta livros de estudos bíblicos.
Palavras-chave: Paulo, Evangelho, gentios, viagem, igreja, Jerusalém

Introdução
            Após o Concílio de Jerusalém, a Igreja ganhou liberdade para aumentar e expandir a obra de Cristo, levando o evangelho do Mestre à todas pessoas, raças e nações. A tradição supõe que nesta época, os judeus, membros da igreja ainda observavam a lei judaica, mesmo estas leis sendo interpretadas de maneira mais aberta por líderes como Paulo. Mas os gentios podiam estar na igreja sem se submeterem às exigências da lei (lei mosaica)

Autoridades
            Para o estudo do período tratado aqui, precisamos tomar por base os livros de Atos (a partir do capítulo 16), as epístolas paulinas e o primeiro versículo da primeira epístola de Pedro (que possivelmente se refere a países talvez visitados por ele). Também podemos considerar algumas tradições do período imediato à era apostólica.

Campo e membros
            O território de atuação da Igreja alcançava todo o Império Romano. O número de membros gentios aumentava, enquanto o de judeus diminuía. Junto com o aumento dos cristãos gentios, aumentava também o ódio em relação a eles. Na maioria das ocasiões de perseguição contra os cristãos desta época, quem instigava eram os judeus.

Líderes
Durante este período, destacam-se 3 líderes na Igreja: Paulo, Pedro e Tiago.
Destes, Paulo é o que mais se destaca. Considerado o “Apóstolo dos Gentios”, fez enormes viagens nesse período, implantou várias igrejas, fundamentou líderes e organizou a teologia cristã
Pedro, cujo nome apenas consta em registros e foi reconhecido por Paulo como uma das “colunas”.
Tiago, irmão mais novo de Jesus e líder da igreja de Jerusalém e dos judeus cristãos da época. Fiel e conservador dos costumes judaicos, mas não se opunha que o evangelho fosse pregado aos gentios.
Os três citados perderam a vida como mártires da fé, neste período.

Viagens missionárias de Paulo
Referências bíblicas das viagens de Paulo:
- Segunda viagem – Visita à Europa (At 15.36 a 18.22).
- Terceira viagem – À Igreja em Éfeso (At 18.23 a 21.17; 16.1-3; Fp 2.19-22; At 19.22; 20.4; 19.10; Ap 1.4,11; At 20.1,2; 20.6-12; 20.17-36).
- Quarta viagem – Paulo é preso (At 27 e 28; 25.9-12; 27.2; 27.3,5,8; 28.7-11; 28.16; 28.17-28; 28.30,31; Fp 1.12-14; Fm 22; 2Tm 4.20; Tt 1.5; Tt 3.12).
            O período em questão, conforme registrado nos 13 últimos capítulos de Atos, compreende somente as atividades de Paulo. Porém, outros missionários certamente atuaram, pois logo após o fim desse período são mencionados nomes de igrejas que Paulo jamais visitou.
            Segunda viagem – Depois do Concílio de Jerusalém, Paulo, juntamente com Silas, saiu de Antioquia da Síria em direção à Ásia Menor (atual Turquia). Atravessou a Cilícia, região onde se situava Tarso, sua terra natal (onde possivelmente passou), seguindo para Derbe, Listra, Icônio e Antioquia da Psídia. Estabeleceram as igrejas de Filipos, Tessalônica e Beréia (província macedônica). Organizaram um pequeno núcleo na cidade de Atenas e uma forte congregação em Corinto. De Corinto, Paulo escreveu as duas cartas direcionadas à Igreja de Tessalônica (primeiras epístolas paulinas).
            Fundou igrejas em pelo menos sete cidades e podemos dizer, que, abriu o continente europeu à pregação do evangelho.
Visitou igrejas fundadas em sua primeira viagem.
Terceira viagem – Depois de um período de descanso, Paulo foi de Antioquia para Jerusalém, onde se tornou prisioneiro romano. Teve como companheiro, inicialmente, somente Timóteo, seu filho na fé. Depois, outros se uniram a ele.
Visitou no início da viagem as igrejas da Síria e da Cicília e também certamente sua cidade natal, Tarso. Visitou mais uma vez as igrejas que organizou na sua primeira viagem. Depois, foi para Éfeso, onde ficou por mais de dois anos (período mais longo em que Paulo passou em um só lugar durante suas viagens). Teve sucesso na propagação do evangelho em toda província próxima a Éfeso. As igrejas da Ásia foram implatadas por ele de maneira direta ou indireta.
De Éfeso foi para a Macedônia, visitando Filipos, Tessalônica, Beréia e Grécia.
Depois, sentiu de voltar pelo mesmo caminho, passando novamente por Trôade, Éfeso, Cesaréia até Jerusalém.
Dessa viagem, os resultados mais importantes são a Igreja de Éfeso e duas das suas mais importantes epístolas, à Igreja em Roma, com princípios do Evangelho e aos gálatas, onde os mestres judaizantes haviam pervertido muitos discípulos.
Quarta viagem – Por 5 anos, Paulo esteve prisioneiro. Um tempo em Jerusalém, depois em Cesaréia e em Roma. Esta viagem foi pedida por Paulo, apelando ser julgado em Roma. Mesmo sendo uma viagem não programada, podemos considerar uma viagem missionária, visto que Paulo aproveitava todas as oportunidades para pregar o Evangelho de Cristo.
Teve como companheiro Lucas e Aristarco.
No navio, viajavam criminosos, que eram levados à Roma para serem mortos pelos gladiadores, além dos soldados que escoltavam estes prisioneiros. Estamos certos que todos ouviram falar de Cristo através de Paulo. O navio aportou nas cidades de Sidom, Mirra e Creta. Naufragou em Melita, onde ficaram por 3 meses. Certamente, nessas 4 cidades, houveram muitas conversões.
Paulo chega a Roma. Mesmo preso, foi permitido que morasse em casa alugada, acorrentado a um soldado, enquanto aguardava julgamento.
O objetivo, como sempre, era evangelizar os judeus. Fez isso, e percebendo que poucos aceitaram o evangelho, voltou-se então para os gentios.
Nesse período, a casa que morava em Roma, funcionou como igreja. Porém o maior trabalho realizado foi a composição das epístolas aos Efésios, Filipenses, Colossenses e Filemom. Paulo então é liberto. Consideramos então, os três ou quatro anos de sua liberdade a continuação da quarta viagem. Visitou a Ilha de Creta, deixando Tito como responsável pelas igrejas. Esteve em Nicópolis. A tradição diz que nesse lugar, Paulo foi preso e enviado outra vez para Roma, onde morreu decapitado no ano de 68.
Alguns atribuem a este período a composição das Epístolas de I Timóteo, Tito e II Timóteo (escrita na prisão de Roma).

Primeira Perseguição imperial (Nero), 65-68
Em 64, uma grande parte de Roma foi destruída por um incêndio. Atribuindo-se o feito ao imperador Nero. A fim de escapar da autoria que lhe fora popularmente atribuída, Nero, culpa os cristãos pelo incêndio e inicia uma grande perseguição. Muitos cristãos foram perseguidos, torturados e mortos. Dentre eles, o próprio Aposto Pedro, que foi crucificado de cabeça para baixo em 67, e o Apóstolo Paulo, em 68.
Nesse período, encontramos relatos onde cristãos foram queimados como “tochas vivas”, enquanto o imperador passeava de carruagem. Considera-se uma das vinganças da história que nos jardins onde aconteceram estas mortes, hoje, esteja o Vaticano e a Basílica de São Pedro.

Literatura da Época
Por volta do ano 50, ainda não havia nenhum livro do Novo Testamento. Somente as memórias dos primeiros discípulos de Cristo. Antes do final desse período, ano 68, boa parte dos livros do Novo Testamento já estava circulando (Evangelhos de Mateus, Marcos e Lucas e as epístolas de Paulo, Tiago, I Pedro e, talvez, II Pedro).