quarta-feira, 24 de junho de 2015

Resenha Crítica: Livro "O evangelho maltrapilho"

MANNING, Brennan. O Evangelho Maltrapilho. São Paulo: Mundo Cristão, 2005. 222 p.

Neste livro, Brennan Manning fala de uma forma sobre a graça divina que nos faz refletir bastante. Tem uma abordagem, em muitos momento, que confronta o nosso “presunçoso” conhecimento sobre o amor de Deus e sobre a aplicação de sua graça. Confronta a cultura de “evangelho” em que estamos inseridos. Cultura esta tão entranhada que nos faz excluir pessoas, que faz nos afastar uns dos outros. Fala da disposição da graça a todos. Disponível para os marginalizados, pecadores e para aqueles que se consideram ou são considerados como parte inferior e mais miserável do mundo.

O autor fala sobre o valor que atribui-se às pessoas por seus atos. Um indivíduo é um estudante de sucesso se ele recebe bem por isso. Um atleta é considerado forte se ele percorre 10 Km diários. Entretanto, segundo Brennan, o Senhor não utiliza nenhuma norma. Através de sua própria experiência, ele discorre sobre o significado de viver por graça, a despeito de desempenhos pessoais. Traz uma reflexão sobre a regra de etiqueta para Cristo se aproximar das pessoas demonstrando seu amor. Não havia uma tabela para esta comunhão. Cristo não se importava com o que as pessoas tinham de posses, ou o que tinham a oferecer, nem tão pouco com o que estas tinham feito ou praticado. Como condição única para receber o amor de Cristo, ter sua compaixão, partilhar de sua comunhão, ou fazer uma refeição com o Mestre, ele apenas exigia o querer. Apenas deveria se abrir a porta e deixar o Cristo entrar.



O público alvo do livro “O evangelho maltrapilho” são os excluídos. O alvo são os que estão doentes e cansados de uma religião excludente. Fala a estes sobre a aceitação graciosa e alucinante que temos da parte do Cristo. Manning trata da aceitação pessoal através desta graça, dizendo que a pessoa pode ser um velho desiludido preste a morrer, ou uma senhora de meia idade presa em uma ocupação e desesperada para sair, ou até mesmo um jovem cheio de vitalidade, mas sem expectativa de crescimento. A pessoa pode ser insegura, enganada, fraca, barriguda, com síndrome do pânico, estar em depressão, desiludida. Porém, a despeito disso tudo, ela é aceita. Mostra que não deve-se confundir a percepção pessoa com o mistério de ser realmente aceito por Cristo.

Manning faz duras críticas a aqueles que se intitulam como cristãos, e que deformam o rosto de Deus, deturpam o evangelho da graça, e intimidam outras pessoas através do “temor”. Diz ser incabível a igreja rejeitar os que são aceitos por Cristo.

O livro “O evangelho maltrapilho” nos faz lembrar a missão de Cristo. Que Ele não veio para o bom, para o piedoso e para o poderoso. Ao contrário disso, Ele veio para o doente, impotente e maltrapilho, que precisa desesperadamente de sua graça. O livro desfaz a doutrina de que você deve trabalhar duro para receber o dom da graça e a alegria de Deus. Revela a verdadeira natureza de um dado livre e inflexível graça: A graça está disponível para todos. Incentiva-nos a soltarmos o fardo e que devemos deleitarmos no conforto de um Deus que tem amor por quem nós somos, e não pelo que achamos que deveríamos ser.

Segundo Manning, muitos dos crentes sentem-se atrofiados no seu crescimento da vida cristã, exercendo o auto-flagelo sobre suas falhas, pois, inconscientemente, acreditam que Deus registra os nossos defeitos e sempre balança a cabeça como sinal de desapontamento. Diz que o Pai nos chama para Si com um "amor furioso", que queima brilhantemente e constantemente. Somente e tão somente, quando nós realmente abraçarmos a graça de Deus podemos nos aquecer na alegria de um evangelho que envolve os mais necessitados.

O livro poderia ter o título de “O evangelho é para fracos”. Dando assim, um recado direto já em sua capa aos que pensam terem conquistado a graça divina através de sua força, perseverança, fidelidade e afins.

A linguagem simples, direta e clara, torna a leitura fácil a qualquer pessoa. É um livro curto, porém o confronto é tão grande e forte, que recomendo a leitura por mais de uma vez. Soube de amigos que já estão na terceira leitura, tamanha a paixão que o livro traz sobre o assunto central. Também posso recomendar uma leitura pausada, sem a preocupação em terminar logo. Fazendo a meditação e reflexão em cada ponto que tocar o coração sobre a graça divina.

Trabalho apresentado à Disciplina
TEOLOGIA BÍBLICA DO NOVO TESTAMENTO,
do Curso Livre em Teologia do
CEFORTE - Centro de Formação Teológica

Rio de Janeiro
Junho - 2015