segunda-feira, 15 de julho de 2024

O Credo Apostólico como ferramenta de defesa doutrinária

Curso de Evangelismo

Professor: Pastor Joel Alves

Matéria: Doutrinas Metodistas


Exercício proposto:

- Defender o Credo Apostólico como doutrina para nós.

 

Resposta:

 

- O Credo Apostólico:

O Credo Apostólico, formado no quarto século, no Concílio de Nicéia, representa uma profissão de fé rígida e inflexível, mesmo sendo apresentada de forma simples, mostra-se profunda na defesa da fé cristã. É uma síntese da fé da Igreja de Cristo. Os elementos fundantes da fé cristã dados pelo próprio Cristo e também pelos seus apóstolos são expressos assim:

“Creio em Deus Pai, Todo-Poderoso, criador do céu e da terra; em Jesus Cristo, seu Unigênito Filho, nosso Senhor; o qual foi concebido por obra do Espírito Santo; nasceu da virgem Maria, padeceu sob o poder de Pôncio Pilatos; foi crucificado, morto e sepultado; ao terceiro dia ressurgiu dos mortos, subiu ao Céu e está à direita de Deus Pai, Todo-Poderoso, de onde há de vir, para julgar os vivos e os mortos. Creio no Espírito Santo; na comunhão dos santos; na remissão dos pecados; na ressurreição do corpo, e na vida eterna. Amém”.

 

- Da Doutrina:

Por doutrina, entendemos ser o conjunto de ideias fundamentais a serem transmitidas. Em nosso caso a doutrina cristã é o conjunto de ensinamentos que dão fundamento à fé cristã.

Desta forma, o Credo Apostólico, mesmo em sua simplicidade consegue estabelecer, pontuar e defender de maneira sistemática, com profundidade e rigidez as doutrinas cristãs. De forma clara e objetiva, em poucas linhas consegue transmitir verdades absolutas cridas e defendidas pela Igreja de Cristo. Tratando de assuntos profundos como atributos divinos, afirmação da trindade, obra salvívica de Cristo, dentre outros assuntos que combatem outras crenças e heresias criadas na era cristã, que falaremos especificamente a seguir.

 

- Do Credo Apostólico como Doutrina:

O Credo Apostólico defende claramente a pessoa de Deus revelada de três formas, o Pai, o Filho e o Espírito Santo. Os seus três artigos principais dão conta de um conteúdo religioso, cristão e espiritual. Religioso quando se refere a Deus, significando que a pessoa que crê reconhece o transcendente de sua fé, que está além de sua compreensão; Cristão quando se refere a Cristo, significando que a pessoa que crê reconhece a Cristo como seu único Senhor e Salvador e assume o compromisso de viver como seu discípulo; e espiritual quando se refere ao Espírito Santo, significando que a pessoa que crê vive sob a orientação do Espírito divino que o leva a viver em santidade, em comunhão com os santos e em esperança de ressurreição e de vida eterna.

“Creio em Deus Pai, Todo-Poderoso, criador do céu e da terra”, defende a doutrina de Deus onipotente e que por sua vontade e poder todas as coisas foram criadas.

“(...); e em Jesus Cristo, seu Unigênito Filho, nosso Senhor; o qual foi concebido por obra do Espírito Santo; nasceu da virgem Maria,”, afirma Jesus Cristo como filho do próprio Deus, mas também filho da humanidade, nascido de mulher. Essa questão clara da fé em um Cristo 100% Deus e 100% homem. Nesse ponto também deixa claro que Jesus fora concebido por obra do Espírito Santo e não por uma relação natural, visto que reafirma a virgindade de Maria.

“(...), padeceu sob o poder de Pôncio Pilatos; foi crucificado, morto e sepultado;”, essa simples frase credencia o testemunho dos fiéis no Jesus histórico, situando-o como uma pessoa real que viveu entre nós e não um ser mitológico. Quando diz de sua crucificação, morte e sepultamento, reputa de maneira categórica a obra salvívica do Cristo como remidor de nossos pecados pagando o preço como cordeiro de Deus em nosso lugar. Afirmando também que Jesus não apenas desmaiou com o sofrimento.

“(...); ao terceiro dia ressurgiu dos mortos, subiu ao Céu e está à direita do Pai, Todo-Poderoso,”, afirma da ressurreição de Cristo. Defende a vitória de Cristo até mesmo sobre a morte que é fundamental para a fé Cristã. Testifica também do testemunho de sua subida aos céus e de seu reino estabelecido.

“(...), de onde há de vir, para julgar os vivos e os mortos.”, afirma e esperança sua igreja em seu retorno, ratificando o poderio de Cristo sobre todos.

“(...) Creio no Espírito Santo;” reafirma o que vemos nas linhas anteriores ser o Espírito Santo membro da Trindade como uma pessoa e não como uma força ativa de forma impessoal.

“(...); na Santa Igreja de Cristo; na comunhão dos santos”, afirma a igreja e a comunhão como partes fundamentais para a salvação e digamos de forma vital, entendendo que a igreja e a comunhão são obras que confirmam o pertencimento no reino do Criador.

“(...); na remissão dos pecados; na ressurreição do corpo, e na vida eterna. Amém.”, de forma resumida, o que confessa o Credo Apostólico crê no processo proposto pelo Pai, cumprido em Cristo e operado pelo Espírito Santo, a pessoa tem seus pecados pagos de forma total e somente desta forma ganham o direito à ressurreição e a viver na eternidade com Deus.


Referências:

RAMOS, L.C.; PEREIRA, E.S., O Que Uma Pessoa Metodista É, Sabe e Faz?. Birigûi: Editora Agentes da Missão, 2003.

segunda-feira, 24 de junho de 2024

Resenha Crítica - Livro: O Fazedor de Discípulos (Cap 7 – Senso de Equipe)

Resenha Crítica - Livro: O Fazedor de Discípulos (Cap 7 – Senso de Equipe)

FIGUEIRA, Danilo. O Fazedor de Discípulos. Ribeirão Preto: Selah Produções, 2014.

 

Nesta obra, o autor se propõe a falar, à partir de suas experiências ministeriais, sobre os desafios, a intencionalidade, e técnicas para a melhor forma da construção da relação entre discipulador e discípulos, com a ótica sobre o ministério de Jesus Cristo, que formou uma equipe com homens tido como insignificantes e improváveis, e transformou em líderes bem sucedidos. Danilo Figueira é pastor e lidera um ministério próspero e conhecido em todo o Brasil sendo referência em igreja com formação em células (pequenos grupos). Esta obra propõe uma reflexão sobre o discipulado na prática diária do ministério de forma integral. O capítulo em questão, nº 7, com o nome Senso de Equipe, trata diretamente sobre a importância não somente de trabalhar em equipe, mas da suma importância desta equipe trabalhar e conviver em unidade. Também trata da responsabilidade do líder formar e gerenciar essa unidade, baseando-se no exemplo do Mestre Jesus Cristo que faz esse processo com sua equipe durante o exercício do Seu ministério terreno.

Com base na oração que Jesus Cristo faz, narrada em João 17, o autor descreve a necessidade vital de unidade de uma equipe para o cumprimento da missão. Inicia fazendo menção que a necessidade de cooperação mútua é notada pelo próprio Deus no início da humanidade, onde fica claro que Deus projetou o homem para a cooperação. Que o homem só é completo em comunhão quando tem outro semelhante. Na introdução ao assunto, também aborda que uma das consequências do pecado foi a substituição do clamor por comunhão por uma visão deturpada do próximo, vendo-o como concorrente. Vendo esse problema, o autor propõe que o discipulado é um instrumento do Espírito Santo para trazer no homem as virtudes atrofiadas pelo pecado, sendo a cooperação uma das principais. Danilo Figueira regra então que é responsabilidade do verdadeiro discipulador “levantar um grupo e fazer seus integrantes funcionarem em harmonia, debaixo de uma mesma visão e propósito” (pag 92).

À partir de sua experiência ministerial, Danilo Figueira atribui o sucesso e o alcance do seu ministério justamente à sua equipe, relatando a importância não ao fato de estarem ligados a ele, mas também de estarem ligados entre si, como equipe.

 

“Um ´grupo´ é, apenas, um conjunto colocado no mesmo espaço, sem necessidade de conexão; uma ´equipe´ é um conjunto de pessoas que interagem e cooperam harmoniosamente.” (pag 93)

 

O autor faz uma abordagem superficial sobre a questão do número “doze”. Entende ele ser o número ideal de uma equipe, tanto por relatos científicos, quanto pela percepção do ministério de Cristo e na continuidade após sua ascensão aos céus, quando seus discípulos deram continuidade fazendo questão de manter esse número na equipe. O assunto é proposto apenas como uma reflexão, e ele faz questão de ser cuidadoso em não criar uma doutrina em cima deste número. Outrossim, afirma que o que é fundamental e inegociável é “trabalhar o discipulado em equipe” e que a pluraridade e cooperação são um princípio divino.

Tomando então como modelo o discipulado aplicado por Jesus Cristo em sua equipe, formada por homens com perfis bem distintos e em alguns casos até antagônicos o autor propõe a questão central do capítulo 7: “O que um líder precisa fazer, então, para unir a sua equipe?” (pag 96).

Segundo o autor, a primeira ação se dá quando Jesus Cristo se oferece como “modelo de unidade”. Fala da importância de um discipulador ser uma pessoa de interação, e que tenha conexão com outras pessoas, não vivendo em solidão ministerial ou tratando os seus discípulos de maneira vertical, apenas de cima para baixo. Ele mostra também como Jesus Cristo também confrontou o espírito de competição e protagonismo entre seus discípulos.

Ele ressalta a importância do líder se fazer presente e estar comprometido no processo de desfazer esse ambiente de competição. Pra isso mostra algumas situações vividas em sua equipe onde Jesus gastou tempo e não somente uma vez para reduzir esse sentimento a zero. A partir do que viveu em seu ministério, Danilo Figueira dá conselhos práticos de como líderes devem enfrentar esse tipo de situação.

Ele também fala de que Jesus não dava espaço para os melindres, como um dos grandes segredos nesse processo. Diz que é um erro tentar tratar todos da mesma forma. Há a necessidade de um tratamento personalizado, dado as características distintas de cada discípulo.

 

“Um bom líder saberá medir a capacidade de seus discípulos, um a um, para investir e cobrar de maneira justa.” (pag 99)

 

Danilo Figueira afirma neste capítulo que uma forma de diminuir os melindres é substituir a comparação por inspiração. Jesus usou essa técnica por vezes, trazendo inspiração até mesmo de pessoas de fora de sua equipe, como a mulher que conquistou a libertação da filha endemoninhada (Mt 15.21-28).

 

“Tudo isso foi reconstruindo a forma de convivência entre aqueles homens. À medida em que Jesus os confrontava, ensinava-os, agredia seus melindres e encorajava-os a valorizar o sucesso do outro, reprogramava suas mentes e transformava-os de competidores em cooperadores entre si.” (pag 101)

 

O autor conclui o capítulo afirmando que o resultado desse investimento, inclusive com oração, foi fundamental para o triunfo da igreja. Isso fica muito claro quando no nascimento da igreja, narrado em Atos, capítulo 2, quando Lucas relata no versículo 14 “Então, Pedro se levantando e, com ele, os onze (...)”. Vemos que os discípulos aprenderam a lição e estavam pondo em prática a habilidade de serem um só, resultando em uma colheita “assombrosa” de vidas naquele dia e nos anos seguintes. O investimento do Mestre Jesus deu resultado e sua oração foi ouvida. “Pai, que eles sejam um, como eu e tu somos um, para que o mundo creia que tu me enviaste”.

O capítulo muito bem elaborado, trata de maneira direta e prática a questão da necessidade da unidade de qualquer equipe, sobretudo ministerialmente em qualquer nível. O assunto ganha força e veracidade quando isso é demostrado na própria experiência do autor ao aplicar os exemplos de Cristo na sua equipe ministerial pessoal.


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Trabalho apresentado ao Curso de Evangelista, da Igreja Metodista, Distrito de Araruama (Saquarema, 2024)