Resenha Crítica - Livro: O Fazedor de Discípulos (Cap 7 – Senso de Equipe)
FIGUEIRA, Danilo.
O Fazedor de Discípulos. Ribeirão Preto: Selah Produções, 2014.
Nesta obra, o autor se propõe a falar, à partir de suas experiências
ministeriais, sobre os desafios, a intencionalidade, e técnicas para a melhor forma
da construção da relação entre discipulador e discípulos, com a ótica sobre o
ministério de Jesus Cristo, que formou uma equipe com homens tido como
insignificantes e improváveis, e transformou em líderes bem sucedidos. Danilo
Figueira é pastor e lidera um ministério próspero e conhecido em todo o Brasil
sendo referência em igreja com formação em células (pequenos grupos). Esta obra
propõe uma reflexão sobre o discipulado na prática diária do ministério de
forma integral. O capítulo em questão, nº 7, com o nome Senso de Equipe, trata
diretamente sobre a importância não somente de trabalhar em equipe, mas da suma
importância desta equipe trabalhar e conviver em unidade. Também trata da
responsabilidade do líder formar e gerenciar essa unidade, baseando-se no
exemplo do Mestre Jesus Cristo que faz esse processo com sua equipe durante o
exercício do Seu ministério terreno.
Com base na oração que Jesus Cristo faz, narrada em João 17, o autor
descreve a necessidade vital de unidade de uma equipe para o cumprimento da
missão. Inicia fazendo menção que a necessidade de cooperação mútua é notada
pelo próprio Deus no início da humanidade, onde fica claro que Deus projetou o
homem para a cooperação. Que o homem só é completo em comunhão quando tem outro
semelhante. Na introdução ao assunto, também aborda que uma das consequências
do pecado foi a substituição do clamor por comunhão por uma visão deturpada do
próximo, vendo-o como concorrente. Vendo esse problema, o autor propõe que o
discipulado é um instrumento do Espírito Santo para trazer no homem as virtudes
atrofiadas pelo pecado, sendo a cooperação uma das principais. Danilo Figueira
regra então que é responsabilidade do verdadeiro discipulador “levantar um grupo e fazer seus integrantes
funcionarem em harmonia, debaixo de uma mesma visão e propósito” (pag 92).
À partir de sua experiência ministerial, Danilo Figueira atribui o
sucesso e o alcance do seu ministério justamente à sua equipe, relatando a
importância não ao fato de estarem ligados a ele, mas também de estarem ligados
entre si, como equipe.
“Um ´grupo´ é, apenas, um conjunto colocado no mesmo espaço, sem
necessidade de conexão; uma ´equipe´ é um conjunto de pessoas que interagem e
cooperam harmoniosamente.” (pag 93)
O autor faz uma abordagem superficial sobre a questão do número “doze”. Entende ele ser o número ideal
de uma equipe, tanto por relatos científicos, quanto pela percepção do
ministério de Cristo e na continuidade após sua ascensão aos céus, quando seus
discípulos deram continuidade fazendo questão de manter esse número na equipe. O
assunto é proposto apenas como uma reflexão, e ele faz questão de ser cuidadoso
em não criar uma doutrina em cima deste número. Outrossim, afirma que o que é
fundamental e inegociável é “trabalhar o
discipulado em equipe” e que a pluraridade e cooperação são um princípio
divino.
Tomando então como modelo o discipulado aplicado por Jesus Cristo em sua
equipe, formada por homens com perfis bem distintos e em alguns casos até
antagônicos o autor propõe a questão central do capítulo 7: “O que um líder precisa fazer, então, para
unir a sua equipe?” (pag 96).
Segundo o autor, a primeira ação se dá quando Jesus Cristo se oferece
como “modelo de unidade”. Fala da
importância de um discipulador ser uma pessoa de interação, e que tenha conexão
com outras pessoas, não vivendo em solidão ministerial ou tratando os seus
discípulos de maneira vertical, apenas de cima para baixo. Ele mostra também
como Jesus Cristo também confrontou o espírito de competição e protagonismo
entre seus discípulos.
Ele ressalta a importância do líder se fazer presente e estar
comprometido no processo de desfazer esse ambiente de competição. Pra isso
mostra algumas situações vividas em sua equipe onde Jesus gastou tempo e não
somente uma vez para reduzir esse sentimento a zero. A partir do que viveu em
seu ministério, Danilo Figueira dá conselhos práticos de como líderes devem
enfrentar esse tipo de situação.
Ele também fala de que Jesus não dava espaço para os melindres, como um
dos grandes segredos nesse processo. Diz que é um erro tentar tratar todos da
mesma forma. Há a necessidade de um tratamento personalizado, dado as
características distintas de cada discípulo.
“Um bom líder saberá medir a capacidade de seus discípulos, um a um, para
investir e cobrar de maneira justa.” (pag 99)
Danilo Figueira afirma neste capítulo que uma forma de diminuir os
melindres é substituir a comparação por inspiração. Jesus usou essa técnica por
vezes, trazendo inspiração até mesmo de pessoas de fora de sua equipe, como a
mulher que conquistou a libertação da filha endemoninhada (Mt 15.21-28).
“Tudo isso foi reconstruindo a forma de convivência entre aqueles homens.
À medida em que Jesus os confrontava, ensinava-os, agredia seus melindres e
encorajava-os a valorizar o sucesso do outro, reprogramava suas mentes e
transformava-os de competidores em cooperadores entre si.” (pag 101)
O autor conclui o capítulo afirmando que o resultado desse investimento,
inclusive com oração, foi fundamental para o triunfo da igreja. Isso fica muito
claro quando no nascimento da igreja, narrado em Atos, capítulo 2, quando Lucas
relata no versículo 14 “Então, Pedro se
levantando e, com ele, os onze (...)”. Vemos que os discípulos aprenderam a
lição e estavam pondo em prática a habilidade de serem um só, resultando em uma
colheita “assombrosa” de vidas
naquele dia e nos anos seguintes. O investimento do Mestre Jesus deu resultado
e sua oração foi ouvida. “Pai, que eles
sejam um, como eu e tu somos um, para que o mundo creia que tu me enviaste”.
O capítulo muito bem elaborado, trata de maneira direta e prática a
questão da necessidade da unidade de qualquer equipe, sobretudo
ministerialmente em qualquer nível. O assunto ganha força e veracidade quando
isso é demostrado na própria experiência do autor ao aplicar os exemplos de
Cristo na sua equipe ministerial pessoal.
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Trabalho apresentado ao Curso de Evangelista, da Igreja Metodista, Distrito de Araruama (Saquarema, 2024)