terça-feira, 13 de novembro de 2012

Resenha Crítica - Livro: O impostor que vive em mim


MANNING, Brennan. O impostor que vive em mim. 2. ed. São Paulo: Mundo Cristão, 2007.

O livro de Brennan Manning fala sobre um conflito interno do homem espiritual, entre sua humanidade e dependência da graça divina, sua necessidade de melhor expor sua vida perante os outros e de auto aceitação.

Para nos demonstrar melhor o conflito interno que cada um vive ao longo da sua vida em todos os aspectos, mas principalmente em sua caminhada espiritual, o autor se vale de várias experiências  pessoais, inclusive do fato de ter tido problemas com alcoolismo, também de algumas ilustrações, e principalmente do seu retiro espiritual, solitário, durante algumas semanas em uma cabana. Experiência esta que o levou a não somente estudar sobre si mesmo, ou simplesmente refletir sobre a vida. Descobriu que boa parte de sua história vivida até aquele momento tinha sido suprimida pelo que ele denomina “o falso eu”.

Ele inicia com uma estória sobre um jovem chamado Ruller, que ilustra bem esse conflito. O que é por nós? O que é por Deus? Eu sou o culpado? Deus é o culpado? Até onde vai a interferência divina na minha vida? 

Manning atesta que um dos maiores problemas que o homem vive e de não se aceitar como homem, devido a pressão externa de qualquer meio social em que estamos inseridos, como: família, escola, trabalho, igreja, etc; mas principalmente a pressão o próprio homem faz sobre si, para que toda pressão externa seja aliviada, ou, até mesmo saciada.

“Em minha experiência, o detestar-se é a doença dominante que aleija os cristãos, sufocando o crescimento no Espírito Santo. O tom melancólico das peças de Checkhon: ´Você está vivendo mal, meu amigo´ assombra a consciência do cristão americano. Vozes negativas da família ´Você nunca vai ser nada mesmo!´; O moralismo da igreja e a pressão para sermos bem-sucedidos transformam peregrinos cheios de expectativa a caminho da Nova Jerusalém numa trupe desalentada de Hamlets tatiturnos e Rullers amedrontados.”

Segundo o autor esse conflito tem início de seu fim com o reconhecimento da humanidade. Quando o homem entende que é falho e reconhece suas limitações. A palavra transgressão é compreendida por ele como a principal característica para essa mudança interior. A transgressão, ou pecado, é o que precisamos para sermos aceitos. Mas, é justamente o que rejeitamos. A transgressão é justamente a fraqueza que nos permite dar um passo em direção à cura.

O homem tem uma tendência natural em agradar os outros. Desta forma nos forçamos a cumprir regras, horários, protocolos, exigências, etc. E, assim, acabamos enganando a nós mesmos, pensando, inclusive, estarmos mais próximos de Deus. Nos faz, algumas vezes, acreditar que estamos sendo bem-sucedidos em nossa vida e ministério. Na verdade estamos nos escondendo em nossa soberba e em um drama bem encenado por este falso eu. De forma, que quando fazemos isso, estamos nos enganando também, diminuindo o poder da graça divina. 

O autor é bem direto e claro ao definir este impostor, que por algumas vezes chama de o falso eu, com algumas citações, como: “O impostor vive com medo”, “Os impostores se preocupam a aceitação e a aprovação”, “O falso eu nasce na infância”, “O impostor é o co-dependente clássico”, “O falso eu se vale de experiências externas”, “O impostor se predispõe a valorizar o que não tem importância”, “O impostor está atento ao tamanho”, dentre outras. Nos trazendo uma reflexão sobre como damos mais importância até mesmo para a aparência física como para a vida espiritual.

Graça. Manning, fala do amor incondicional de Deus. O que pra nós parece um assunto comum, é por diversas vezes, de maneira traiçoeira, escondido pelo falso eu. Deus nos ama por ele e sempre. Seu amor transcende nossa humanidade, nosso pecado, nossas aparências. Sua graça nos alcança todos os dias, independentemente se queremos isso ou não. Não é por nós, por nossos atos, pela maneira que vivemos, etc. E sim por Ele e para Ele.

“O amor de Cristo (não nosso amor por ele, mas seu amor por nós) nos impele. A integração da mente com o coração molda a personalidade unificada que vive em estado de consciência apaixonada.”

Conclui de forma brilhante falando sobre a cruz de Cristo, sua paixão e morte. Cristo é a cura desse conflito interior, a libertação dessa amarra mortal da hipocrisia em nossa alma. Cristo venceu a morte e o pecado, afim de que nada, absolutamente nada, possa nos separar do amor divino.

O livro poderia se chamar “O falso eu”. Digo isso, pois a palavra “impostor”, contida no título, nos remete, talvez, a uma influência externa. Mas entendo que até mesmo o falso eu é uma característica humana, faz parte do nosso erro, ou em alguns casos uma falha de caráter. 

Percebi um excesso de citações que podem dificultar a leitura. Demonstra até que o autor tem um vasto conhecimento e fez uma ampla pesquisa e estudo sobre o assunto, enriquecendo o conteúdo. Porém, penso que o ele poderia sintetizar mais alguns pensamentos, mesmo que citasse a fonte ou o autor, mas usaria suas palavras. Temos em alguns capítulos, páginas inteiras de citações. A linguagem que ele usa, é direta, clara e simples, mas, quando faz uma citação, é obrigado a por na íntegra. E como se trata de uma obra em outra língua, na tradução destas citações, o texto fica por algumas vezes com uma compreensão que destoa do conteúdo do autor. 

Alguns momentos entendi o livro como sendo de auto-ajuda e com um conteúdo muito para constatações da psicologia.  Mas, no geral, o testemunho pessoal trás em sua maior parte um ensino espiritual.

3 comentários:

  1. Por favoooorrrrr, não resenhe meus livros! kkkkkk

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  2. Muito bom Leandro, estou lendo o livro ainda, mas achei muito válida a sua avaliação, e interpretação da obra em si, graça e paz !!

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